O som da vida
Tem uma música que não sai da minha cabeça, a melodia é uma
delícia, mas a letra é horrível RS.
A vida é um pouco assim também. Às vezes temos que aceitar
coisas que não nos agradam para desfrutar de outras. É como aceitar nossos
próprios defeitos para poder tentar superá-los, é como aceitar uma condição
para ter base para mudá-la, é como passar por cima de uma mágoa porque o seu sentimento
de amor e carinho falam mais alto, é como tentar entender que para ter algumas
coisas é preciso abrir mão de outras, afinal, é preciso aceitar que o tempo
passa, a vida muda, as necessidades são outras, mas jamais esquecer que a
melodia que nos agrada tem que sempre falar mais alto para servir de
combustível na nossa caminhada diária.
Não é porque algo deu errado, porque alguém nos magoou,
porque não conseguimos o que queríamos quando e da forma que queríamos que tudo
está perdido, que a música deixou de ser boa.
É difícil ser humilde, é difícil agradar a todos, é difícil
ser egoísta, é difícil deixar de ser egoísta, é difícil desapegar, é difícil
deixar de ser orgulhoso, é difícil abrir mão da nossa forma de pensar, é
difícil admitir que erramos, é difícil saber se estamos agindo certo conosco e
com o próximo. Olhando assim, nada é fácil, tudo é difícil e complicado, por
isso é preciso saber como olhar para a vida, é preciso saber escolher com qual
tipo de lente você vai olhar a sua vida. Tem dias que olhamos com as lentes
mais escuras, aquele dia em que não deveríamos nem ter saído da cama, mas é
apenas um dia, vai passar. Os dias que têm que prevalecer são aqueles dias que
olhamos nossa vida com o óculos do Chaves, aquele vermelho sem lentes e que
ainda tem uma armação que serve de canudinho para tomar um refresco de
Tamarindo RS.
Segundo Dalai Lama, devemos julgar nosso sucesso pelas
coisas que tivemos que renunciar para conseguir. Será muito bom lá na frente
poder olhar para trás e ver que só renunciamos a coisas ruins para chegar aonde
chegamos. Significa que deixamos uma grande carga de coisas inúteis para trás.
Acho que uma boa forma de julgar nossa vida é medindo o
quanto de tempo passamos sorrindo ou chorando. Posso dizer que ultimamente eu
passei muito mais tempo sorrindo, e as lágrimas... bom... das poucas que
derramei, a maioria foi de felicidade.
Creio que uma das grandes lições da vida seja ouvir uma
música e saber tirar dela apenas o que nos agrada: deixar a letra e ficar com a
melodia, ou ficar com a letra e esquecer a melodia, ou abandonar os dois e não
ouvir a música nunca mais, ou simplesmente cantar a letra no último volume dançando
como se a melodia tivesse tomado conta da nossa alma.
E assim vai se formando a grande trilha sonora da nossa
vida...
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